Contador

Entrevista com Fátima Bezerra: “No PT há um desejo para que eu concorra ao Senado”

Deputada federal em 3º mandato, após ter sido deputada estadual, a professora Fátima Bezerra (PT), conversou com os jornalistas José Pinto Júnior e Cefas Carvalho para o Potiguar Noticias, onde falou sobre projetos para 2014, analisou as eleições passadas e deu sua opinião sobre aspectos gerais da política. Confira:

Deputada, qual a avaliação do  ano legislativo e político de maneira geral?
Do ponto de vista legislativo, temos aspectos positivos, apesar de ter sido um ano atípico em função da agenda eleitoral, mas nós conseguimos aprovar matérias que eu considero estratégicas e muito importantes para o país. Destaco o Plano Nacional da Educação, que finalmente foi aprovado na Câmara dos Deputados - eu, inclusive, apresentei uma emenda que foi acolhida para antecipar em seis anos a equiparação entre valor médio do professor, dos demais profissionais com formação equivalente. Isso significa, por exemplo, que o piso hoje, que é em torno de R$ 1.451, nos próximos seis anos nós teríamos mais que dobrar o valor do piso salarial do magistério e o financiamento da educação. Temos assegurado os 10% do PIB para a educação, lá no Senado. Esperamos que no primeiro semestre de 2013 seja consolidado a sua aprovação final. Destaco a lei do trabalho escravo, que finalmente saiu do papel, uma vergonha. Destaco aqui a PEC das trabalhadoras domésticas, muito importante do ponto de vista dessa categoria, os seus direitos. Posso destacar aqui também a instalação da Comissão da Verdade e da Memória. Foi outra iniciativa muito importante que o governo mandou para o Congresso Nacional, instrumento muito importante para fazer o resgate da memória, da verdade, dos que enfrentaram o Regime Militar. Destaco por último a questão da medida provisória do setor elétrico, de cunho social, na medida em que vai reduzir o preço da tarifa de 2013. Nos aspectos negativos, primeiro, não ter chegado ao entendimento no que diz respeito a questão da redistribuição dos royalties. Enfim, essa briga - os estados produtores versus os estados não produtores - eu lamento profundamente, que nós não tenhamos chegado a um entendimento, de que essa riqueza vinda da instalação do petróleo do pré-sal não pode ser patrimônio de um ou outro estado. Ela tem que ser patrimônio do Brasil. Outro fato negativo foi o desfecho da CPI do caso Cachoeira. É vergonhoso o que aconteceu.

Já está indo pra três décadas essa discussão da reforma política. Não seria razoável apresentar uma ideia de reforma política de verdade, mas trabalhando daqui há quinze anos. Livraria a pele de quem vai sobreviver um ou dois mandatos. O que a sra. acha dessa ideia de votar agora para começara valer daqui a três legislaturas?
Essa análise que você está fazendo procede. Mas do fato é que tentativas já foram feitas nesse sentido, mas não anda, não avança. As mudanças que forma apresentadas levavam em consideração essa questão do tempo para serem implantadas de forma gradativa. Mas não andou, porque o ponto central é o financiamento público de campanha. Volto a dizer: a maioria dos que lá estão são sustentados por esse sistema político eleitoral, com essas regras, anacrônicas que estão aí. O céu é o limite do ponto de vista do abuso do poder econômico. Eu sou daquelas que só acredita na luta social, na luta popular.

Deputada, a sra. começou falando logo na primeira pergunta que esse foi um ano atípico que um ano eleitoral. Qual a análise que faz como parlamentar na participação, do PT principalmente, na eleição em Natal, em que o candidato do partido quase chegou ao segundo turno quando não era esperado pelas pesquisas?
Foi positiva. Em função exatamente do que você está colocando. Participamos de uma luta muito dura, e eu me sinto muito a vontade, por que coordenei a campanha de Fernando Mineiro, da primeira caminhada  a última. Nós estávamos isolados, nenhum partido se coligou conosco, todas as pesquisas apontavam que a gente estava abaixo dos 10% e tivemos um crescimento que no finalzinho foi surpreendente, que foi muito bom, porque mostrou  a força da militância e mostrou também a força do projeto consistente nosso no plano nacional, até porque  a eleição aqui em Natal foi toda sintonizada  do ponto de vista programático com o projeto nacional, hoje liderado pela presidenta Dilma. Quero aqui também destacar o fato que nós tínhamos o melhor candidato. Era o candidato mais preparado, que melhor se apresentou nos debates. Eu sempre disse a ele que o grande trunfo que a gente tinha era exatamente o preparo dele, o conhecimento que ele tinha sobre a cidade, ou seja  a consistência do projeto que a gente apresentou para a cidade. Considero mesmo que a gente não tenha ido pro segundo turno, mas o PT saiu vitorioso do ponto de vista político nas eleições de Natal , inclusive retomamos o nosso espaço na Câmara Municipal de Natal, também com a reeleição de Fernando Lucena; a outra foi o companheiro Hugo Manso.

Na avaliação do partido, o que faltou para chegar ao segundo turno? Se o partido tivesse investido 1% do que investiu em São Paulo, Mineiro poderia ir para o segundo turno. O que acha disso?
Primeiro que vocês já deram a resposta. Veja, primeiro é preciso colocar o seguinte: o PT, o partido nacional, tem suas prioridades, mas o importante é ressaltar que a direção nacional do partido contribuiu com a campanha no nosso candidato Fernando Mineiro. Claro que não contribuiu, digamos assim, da forma como a gente gostaria. Nós queríamos que a contribuição tivesse sido muito mais substancial, queríamos que Lula tivesse gravado.

A sra. toparia disputar o Senado?
Veja bem, nesse momento temos candidato a reeleição. Agora nós não descartamos de maneira nenhuma a disputa para o Senado. Primeiro, tem que se fazer esse debate dento do partido. No partido há um desejo que eu apresente meu nome pra o Senado em 2014. Já foi colocado publicamente. Agora vamos fazer isso sempre sem precipitação. É debate também que será direcionado com a direção nacional do PT e nesse aspecto quero dizer que há um desejo por parte da direção que eu seja candidata ao Senado da República. Mas a prioridade do partido é reeleger Dilma e dar continuidade ao projeto iniciado por Lula.

A sra. acredita que o deputado Henrique Alves conseguirá ser eleito presidente da Câmara dos Deputados?
Henrique é de um partido aliado no plano federal, o PMDB, e vem se articulando bem. Eu acredito que ele irá, sim, ser eleito presidente da Câmara.

Foto: Riane Brito

Nenhum comentário:

Postar um comentário