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Terror uruguaio com orçamento de U$ 6 mil é selecionado para participar Cannes

Reportagem: Blog Cinema em Cena

Nem só de mega produções vive Hollywood. Tem se tornado comum filmes de terror com pouca verba arrecadarem muito bem nos cinemas. A tradição foi iniciada com A Bruxa de Blair, em 1999 - seu orçamento ínfimo de U$22 mil faturou mais de $240 milhões. A fórmula continuou a dar certo, como comprovou Atividade Paranormal: lançado no ano passado, o filme com custo quase simbólico de US$ $ 11 mil, arrecadou mais de US$ 7 milhões nos EUA. Dividindo mais uma vez pela metade o orçamento, La Casa Muda precisou de apenas U$ 6 mil para arrematar uma vaga no Festival de Cannes.

O diretor uruguaio Gustavo Hernández trabalhou bem com o que tinha. Uma câmera fotográfica digital (emprestada), quatro dias de filmagem, duas lanternas, um foco de luz e uma equipe de menos de 15 pessoas. Em entrevista à Agência EFE, Hernández afirmou que recebeu os seis mil dólares oferecidos por um produtor para bancar sua estreia como diretor. Ele, que só havia dirigido videoclipes, anúncios para televisão e curta-metragens, teve que pensar então em um longa que necessitasse de "pouca gente, poucos recursos e que pudesse ser filmado em pouco tempo".

O terror foi a alternativa encontrada para o problema. "Pensamos em contar o que acontece com todos quando sentimos medo, quando temos todos os sentidos em alerta e os segundos podem parecer horas", afirmou. O longa foi inspirado em uma história real da década de 40, quando dois corpos foram encontrados mutilados em uma casa de campo do norte do Uruguai. La Casa Muda se passa nos últimos 74 minutos das vítimas.

E esses minutos foram trabalhados de forma diferente do convencional. "Queríamos que o espectador vivesse as emoções, sem enganá-lo com vários planos e contraplanos, e decidimos rodá-la em uma só tomada", contou o diretor. Com a Cannon 5D em punhos, o diretor teve mais mobilidade para gravar e chegar a lugares em que uma pesada câmera convencional não atingiria.

O trailer do longa foi divulgado na internet e foi visto por um dos jurados do Festival de Cannes, que sugeriu que Hernández o apresentasse. Seis meses depois de concluído, o filme foi selecionado para participar da Quinzena de Produtores, no Festival.

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