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O inferno astral de Gilson Moura


Cefas Carvalho e Roberto Lucena

Julho de 2008: deputado federal em ascenção, Gilson Moura (PV) lidera as pesquisas de opinião para a Prefeitura de Parnamirim com ampla vantagem sobre o segundo colocado, o então vice-prefeito Maurício Marques, e é o grande favorito para administrar a terceira maior cidade do Estado. Tem o apoio do seu partido - onde é uma das estrelas maiores - e é visto pelo eleitorado parnamirinense como uma saudável novidade na política local. Contava com o apoio da governadora Wilma de Faria e atual prefeita de Natal, Micarla de Souza.
Janeiro de 2010: exatamente um ano e meio após os fatos relatados do parágrafo anterior, a situação de Gilson mudou muito: tendo perdido a eleição para Maurício por pequena margem de votos, o deputado e apresentador de TV viu em poucos meses seu capital eleitoral se desgastar e surgirem problemas que podem comprometer seu futuro político. Vamos a eles:
1º problema: o afastamento de Gilson de Parna mirim. Se na campanha eleitoral, o pevista era figura constante em eventos e festas no município, após a derrota eleitoral Gilson escasseou suas visitas a bairros e eventos em Parnamirim. O fato foi sentido por eleitores. O fã mais ardoroso de Gilson pode fazer uma “turnê” por bares, mercados públicos e feiras em Parnamirim e constatar o que os próprios eleitores dele pensam agora. Presença na cidade, somente aos sábados, onde apresenta um programa de rádio ao lado de Fernando Fernandes, Carlos Magno e Walter Fernandes. Na pauta do encontro semanal, críticas ácidas ao atual prefeito.
2º problema: atuação na Assembléia Legislativa. Após perder para Maurício, esperava-se que Gilson usasse sua oratória para fazer oposição propositiva, porém, pesada, à administração Maurício. Isso não aconteceu e Gilson viveu um ano parlamentar discreto.
3º problema: desunião do Partido Verde. Causou furor no mundo político parnamirinense declaração do vereador Clênio Santos (PV) no plenário da Câmara no final do ano passado afirmando que “Parnamirim não tem representação na AL”. Se um vereador do mesmo partido de Gilson afirma tal coisa na Câmara, é sério indicativo que Gilson perdeu o comando do PV de Parnamirim. E uma observação: todos os vereadores que se elegeram pela oposição e que estiveram com ele na campanha, hoje estão com Maurício Marques: Paulão, Kátia Pires, Siderley Bezerra e Clênio Santos. Os vereadores são taxativos: falta representatividade da cidade na AL. Tanto que muitos estão de olho em uma das cadeiras do Poder Legislativo estadual e ameaçam o “Advogado Cidadão”.
4º problema: o PV próximo de Maurício. Recentemente, na festa de São Sebastião realizada em Pirangi, fotógrafos registraram o alegre encontro entre o prefeito Maurício e duas estrelas do PV, vereador Paulo Wagner e deputado Luiz Almir, que se apresentava na ocasião. Outro que apareceu para abraçar Maurício foi o coordenador de campanha de Gilson Moura, ex-vereador Fernando Fernandes. A foto foi comentada no programa de rádio. Fernando desconversou e declarou que “não tem problema tirar foto com o prefeito”.
5º problema: excesso de nomes do esquema “PV-TV Ponta Negra” para a Assembléia Legislativa. Tudo indica que a prefeita Micarla de Souza vai apoiar o marido Miguel Weber ou a irmã secretária de Ação Social, Rosy de Sousa, para a Assembléia - e ainda existe a possibilidade do vereador Paulo Wagner ser candidato a deputado, colocando o mandato de Gilson em risco caso tenha menos votos que ambos.
6º problema: ao contrário do que aconteceu em 2006, quando foi o deputado estadual mais votado em Parnamirim, em 2010 tudo indica que Gilson terá no município um adversário à altura: o ex-prefeito Agnelo Alves. Gozando de imenso prestígio no município, Agnelo, se for candidato a deputado estadual, como insinua, deve “tirar” milhares de votos do pevista.
Com tantos problemas, Gilson não deve esmorecer. Tem juventude, espaço na mídia televisiva, considerável capital eleitoral e meses de campanha para reverter alguns dos problemas. Mas, por via das dúvidas, não custa andar com um trevo de quatro folhas e um pé de coelho. E comprar alguns quilos de sal grosso.

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