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Robinson: "Micarla diz que o compromisso que tem é com José Agripino para o Senado, mas não disse que tem um compromisso com o DEM para governador"


(Publicado na edição impressa do Potiguar Notícias, edição 289, segunda-feira, 12 de outubro de 2009)
Nascido em 1959, advogado de formação, o deputado Robinson Faria (PMN) preside pela terceira vez consecutiva a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte e está no seu sexto mandato parlamentar. Eleito com 70.782 votos em 2006, o deputado foi pela segunda vez consecutiva o campeão de votos na disputa por uma vaga no Legislativo do Rio Grande do Norte. Oriundo de uma família com tradição na iniciativa privada, filho do empresário Osmundo Faria, sempre teve uma vocação política mais forte se elegendo o deputado mais jovem do estado em 1986. Com base eleitoral do Agreste, Robinson luta para ser candidato ao Governo do Estado e para falar deste projeto, de política em geral no Rio Grande do Norte, ele veio ao Alpendre do PN, onde foi entrevistado pelos jornalistas Rômulo Estânrley e Cefas Carvalho. Confira:
Cefas Carvalho: Neste mesmo alpendre que o Sr. está, os deputados Fernando Mineiro e Wober Júnior defenderam maior rapidez da base aliada do Governo para definir o candidato ao Governo. Como interessado no assunto, já que é pré-candidato a governador, qual a sua opinião?
Se fosse adotado este critério, o da rapidez, isso beneficiaria a mim, pois pelas pesquisas, dos quatro nomes da base de apoio ao presidente Lula e à governadora Wilma de Faria, eu estou em primeiro lugar.
CC: Nas últimas conversas entre o senhor e a governadora, falou-se em um prazo para a escolha e divulgação do candidato?
Percebo que a governadora já tem uma certa pressa, sim, e essa preocupação é pertinente, porque o candidato ao Governo tem que ter tempo para discutir o projeto de Governo com a população. Defendo um projeto de Governo em nível regional, para o Governo ser legítimo, consistente. Afinal, a região salineira tem suas particularidades, como as tem o Seridó, o Trairí, o Agreste, todas as regiões.
Tendo tempo, o candidato poderá debater em cada região, temas como segurança, saúde, educação, geração de emprego e renda, implantação de pólos industriais, que é uma bandeira minha, enfim, de mostrar para a população e debater projetos, problemas e soluções. Com tempo, sem uma candidatura em cima da hora, é possível mostrar a população um projeto de Governo sério e debatido, não um projeto montado por assessores e feito em laboratório.
Rômulo Estânrley: uma candidatura lançada cedo demais não corre o risco de ser prejudicada?
É algo complexo. Se apressar o lançamento da candidatura, a interpretação é que pode desunir o grupo. Se demorar, pode haver um distanciamento da candidatura com o eleitor. Tem é que haver diálogo, desarmamento. Tenho conversado com Iberê, que é postulante e vai assumir o Governo no ano que vem, e também venho conversando com Wilma, com Carlos Eduardo. Já João Maia, é meu parceiro e amigo, temos o acordo de tomar decisões, seja quais forem, juntos.
CC: Em eventos recentes, percebeu-se Iberê falando como candidato e em determinados momentos, pessoas do Governo tratando-o com tal. Isso o incomoda? Mais que isso, o senhor não vê no fato uma certa deslealdade com os demais postulantes?
Iberê não tem culpa. Ele está dentro do governo, é vice-governador, ocupa uma importante secretaria (de Recursos Hídricos) e a governadora dá para ele muita autonomia com participação em ações do governo, e todas necessárias. Se for traduzir ao pé da letra, isso o favorece em relação aos demais postulantes. Mas, não vou me preocupar com isso.
Minha preocupação é mostrar minhas propostas, meu mandato, meu passado, minha trajetória de vida pública, os compromissos que cumpri. Até meus adversários reconhecem que cumpro minha palavra e sou leal aos meus amigos. Bem, mas realmente a governadora Wilma vem dando muita autonomia a Iberê, como se ele praticamente já fosse o candidato oficial - embora quando ela seja entrevistada, diga que o grupo tem quatro candidatos, e cita o nome dos quatro.
RE: O senhor apoiou Micarla de Sousa para a Prefeitura de Natal em 2008, assim como o DEM. Já houve uma conversa com Micarla sobre um apoio à sua candidatura ou seria natural pensar no apoio dela ao DEM de José Agripino?
Sou amigo particular de Micarla de longas datas, ela e sua família votavam em mim para deputado e eu votei e apoiei o pai dela (Carlos Alberto de Souza) para o Senado em 1998, quando muita gente saiu para apoiar Fernando Bezerra, e daí nasceu nossa amizade. Micarla diz que o compromisso que tem é com José Agripino para o Senado, mas não disse que tem um compromisso com o DEM para governador. Isso ela já deixou bem claro. Até porque além de Rosalba, eu e João Maia apoiamos a candidatura de Micarla. Então, ela age com cautela, é prudente e está certa em fazer isso.
CC: Com esta indefinição e quatro candidaturas, não há perigo de haver fissuras e dissidências com a escolha de um nome? Ou será possível ver os quatro no mesmo palanque?
Claro! Uma candidatura a governador não se pode impor sua candidatura. Não tenho mais idade para insistir em uma candidatura por capricho ou vaidade, de ir para uma aventura. Fui deputado estadual mais votado, tenho histórico de vitórias, não iria para uma candidatura por capricho meu ou imposição de outros.
RE: Em caso de ser o candidato, o senhor espera o apoio de Iberê, Carlos e João?
Espero o desarmamento, a colaboração de todos da base aliada.
CC: O Sr. foi um dos artífices da campanha vitoriosa de Micarla em Natal. Passados nove meses, como vê a administração dela?
Todas as prefeituras do Brasil vivem momentos difíceis, com a queda na arrecadação que inviabiliza muitas gestões. Mas, Micarla tem percepção. Antes de assumir, ela estudou gestões que deram certo. Fomos juntos a Minas gerais, conversamos com o governador Aécio Neves. Em São Paulo, Micarla se informou sobre segurança. Ela se preparou para ser prefeita. Tem um sentimento de solidariedade com as camadas mais humildes da população. Digo com toda a sinceridade que Micarla será uma ótima prefeita de Natal. O tempo irá mostrar isso. Está cedo para julgar a administração dela.
RE: Hoje existe em Natal uma polêmica sobre a demolição do Machadão, a Arena das Dunas e a Copa em Natal. Qual a sua opinião sobre esse tema?
É uma resposta difícil, porque são temas de natureza técnica. Não participei das reuniões técnicas, não sou engenheiro. O que posso dizer com veemência é que sou cem por cento a favor da Copa em Natal. Não tenho dados técnicos para emitir opinião sobre os recursos que viriam para o Estado e os gastos, mas acredito que o investimento seja válido.
Onde houve Copa do Mundo ou Olimpíada, como Barcelona, toda a Alemanha, houve resultados. A Copa será ótima para o turismo de Natal. Temos Pipa ainda como destino turístico internacional e esse setor será impulsionado. Só isso justifica a Copa, isso sem falar da agilização das obras do aeroporto de São Gonçalo e os cursos qualificantes para a próxima geração. A Copa em Natal pode deixar empregos de caráter permanente. O pós-Copa será fundamental para Natal e o Rio Grande do Norte.
CC: O Governo Federal já anunciou que vai liberar recursos, mas quer a diminuição da dimensões dos projetos...
Correto, defendo que o Governo do Estado busque parcerias. Hoje, a concepção mundial de gestão é este tipo de parceria. Estive em Belo Horizonte e Aércio disse que investiu muito na parceria público-privada, com ótimos resultados. A gestão moderna é feita com a parceria público-privada.
RE: Quando criada, a Unidade Potiguar gerou frisson na política estadual. Após alguns meses, como ela está e quais os caminhos dela?
A Unidade Potiguar nasceu da união de vários políticos com legitimidade, ao contrário do acordo feito em 2008 para lançar uma candidata, e como vimos, isso não deu certo. A Unidade Potiguar nasceu da afinidade de partidos e pessoas para discutir propostas de Governo e formação de uma chapa. O caminho da Unidade Potiguar é debater projetos de governo e para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte.

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