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Padre Murilo Paiva: “Sou a favor do celibato opcional. A Igreja precisa de padres”


Natural de São Gonçalo do Amarante, pertencente a uma família formada por dez filhos, padre Murilo de Paiva entrou no seminário quando tinha 18 anos. O desejo de ser padre surgiu com a vontade de ajudar a população menos favorecida. Após tornar-se padre, foi para Macau com apenas um mês de sacerdócio, aos 25 anos de idade. Na cidade salineira passou 12 anos. Após um ano sabático na Colômbia, escolheu Parnamirim para viver e ser pastor de uma população onde 70% são católicos. Confira no blog parte da entrevista concedida ao jornalistas Cefas Carvalho e Roberto Lucena para o jornal Potiguar Notícias:

O senhor é conhecido por ser um padre que gosta de se envolver nas questões políticas da cidade onde atua como padre. Qual sua avaliação da política parnamirinense atual?

A gestão atual tem um desafio muito grande. Ela não pode ser inferior a gestão Agnelo Alves, que foi uma gestão mão cheia. Do ponto de vista macro, a gestão de Maurício Marques tem o desafio de ser maior, não pode ser menor que o governo de Agnelo. Esse desafio começa, por exemplo, com a mudança de mentalidade das pessoas que estão no governo. Os que estão lá tem que enxergar isso: que o governo não pode ser do varejo, tem que ser do atacado para tocar grandes questões como o saneamento. Maurício tem galgado algumas vitórias. A própria consolidação da implantação do saneamento básico é muito importante. Agnelo começou com muita vontade e topou numa questão inimaginável, que foi a licença ambiental. E isso Maurício já conseguiu porque teve uma coisa fundamental: ele consegue as coisas através do diálogo. Isso é próprio de um político novo. Os políticos antigos acham que o poder deles é suficiente. Para mim, Maurício tem despertado a capacidade da relação dialógica. Por exemplo, ele foi sozinho para falar com o Governo do Estado. Ele não foi com Agnelo, não foi com um deputado, ele foi sozinho. Sabia que precisava daquilo e foi dialogar. E conseguiu. Essa capacidade é boa e me surpreende em Maurício, pois ele é maduro, mas é um jovem político.


São mais de vinte anos como padre. Nesse período o senhor viu o crescimento das igrejas evangélicas e a perca de fiéis da Igreja Católica. Qual sua avaliação sobre isso?

Nesse período todo, da década de 70 para cá, você tinha o movimento pentecostal queimando por baixo e depois veio à tona. A Igreja Católica naquele tempo tinha um duelo muito grande interno que era a luta dos que estavam contra a Ditadura Militar e os que estavam a favor ou estavam calados. Aí tivemos o surgimento da Teoria de Libertação, que sou aluno e adepto dela. Mas ali se acentuou muito o aspecto político e se esqueceu o aspecto pastoral, subjetivo. Em contrapartida, o movimento pentecostal aproveitou essa brecha. A Igreja é uma instituição que não gosta de mudanças e levou quase mil anos para mudar seu modelo de paróquia, de pastoral. Vejo a história das novas estrelas da música como padre Fábio como uma bonita maneira de tentar falar com o mundo.

Um tema polêmico da igreja diz respeito ao celibato dos padres. Qual sua opinião?

Para mim, o celibato deveria ser opcional. Um homem que é casado teria entendimento de ser padre. Essa é minha opinião, desde o seminário. Claro que isso propõe mudanças na Igreja muito grandes. A Igreja teve dois milênios: no primeiro, o celibato era opcional. Somente no ano de 1054 que colocaram o celibato obrigatório.
Acho que a Igreja ganharia muito se o celibato fosse opcional, até porque há a necessidade de novos padres, apesar de que nos últimos anos houve um crescimento no número de novos sacerdotes. Em Parnamirim, por exemplo, temos sessenta comunidades para apenas quatro padres. Em alguns locais só temos uma missa por mês. Sou a favor do celibato opcional, mas claro, sou obediente à Igreja.

Um comentário:

  1. Muy interesante est entrevista.
    En estos momentos es muy necesario, que la iglesia hable sobre el celibato. Además que se incentive a los jovenes al sacerdocio.
    La iglesia necesita jovenes comprometidos con el evangelio.

    Luz.

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